quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Lição



Orariam as sementes a todo prazer
Já não são tão maduras
Apodreceram as frutas, mas mantém a doçura
São tão brancas quanto à escuridão
Saboreariam decentes
Justificam os extremos pelas coisas do ar 
Seduziriam as menos promíscuas
Mas com satisfação de estar no altar.

                                                                                                   JPMS

Chique, Chiqueiro


Pelas bandejas que servem os vinhos
Cobrem-se de sonhos, os que se metem no caminho
Rumina os ratos de certo lixo servido
Deslizam línguas nos lábios
De chiques, ilustres, entretidos
O luar foi intruso no baile
Penetrou por frestas, passagens, janelas e vitrais
Iluminando moças apressadas, desejam ser surdas
Para não ouvir os encantos do rapaz
Todos se entopem de excessos, não sobram pecados
Parecia não terminar nunca
O boçal baile dos mascarados.



                                                                                             JPMS

             

Calmos distúrbios




Lançou incrédulo por ali
Sem choro, sem soro
Surgiu um corte, um jato
Bem amplo ao despejar
Fez-se uma pintura estranha
De pincelada espontânea
Há de serra-lhes os dentes
Alimentando as entranhas,
De abrir os sorrisos entre os insanos
Dizendo a todos os certos
Mergulharem pelos supostos errados
E a não levantar questão de paranóias presentes.




                                                                                                                                               JPMS             

Quando se treme os olhos










Explodiu-se inesperadamente
Por aquilo que não fez
Sucumbem as virtudes
Aos nervos se ergue,
A ira possuidora outra vez
Insistivo ,robótico ou racional
Só não há quem controle
A destruição, a paz habitual



                                                JPMS

sábado, 11 de dezembro de 2010

Só os espaços testemunham




Floresceu no alfasto molhado
Um rio rubi juvenil
Agora rondam pelas ruas
Velhas, donzelas, nuas, bonecas
E  logo cantam no beco
Malandros contentes, virgens sem  [jeito
O lugar ideal para uma desgraça,
Mas ninguém nada vê
E se vê, justifica em cigarros e  [cachaça
Foi em uma destas que a vi [desabrochar
Um corpo estirado à madrugada
E amanhã, os juízes sem condenar.


 JPMS


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A tal festa do rei iludido


m volta do rei, no castelo sob a colina, os mais animais e certas bestas cantavam, dançavam e se divertiam em uma festa. Foi servido um grande banquete onde todos lamberam os dedos, além da grande quantidade de vinho servida. A noite estava até agradavel, havia muita fartura em tudo, desde música até mulheres para as mais impensáveis orgias. Ninguém sabia que o tal rei os vê com olhos de pequena repulsa e de grande desprezo. Incluindo a sua rainha adúltera, o bispo herege e o conselheiro traíra. Sem exceções. Entre piscadas, o nojo se firmava, ao olhar do rei, diante de todas aquelas sombras no castelo. Quem destes sabe das hipocrisias do seu pomposo líder? Nem o reflexo do próprio sabia.
As gargalhadas ecooam pelo reino inteiro juntamente com profundos suspiros e conversas animadas. Aos elogios dos súditos, o rei crescia, enchendo o peito de confiança e uma falsa imunidade. Bastava ele perceber que estavam mais uma vez conspirando contra ele que rapidamente muchava. Os habitantes gozam da cara do seu rei pelas costas e ele parece nem saber. Apenas parece.
 A festa começou logo depois que o sol se pôs e todos foram convidados, desde o mais imundo camponês até a mais perfumada duquesa. O rei os recepcionara com humor e muito calor, demonstrando estar realmente alegre com a presença de todos. A sua reputação não era lá dessas coisas, até por que ninguém o levava muito a sério, mas isso não impediu que todos comparecessem a tal festa do rei iludido.
Foi uma noite muito longa, até que o conselheiro do rei se questionou  sobre o real motivo da comemoração, afinal o que Vossa majestade tinha de desprezivel ele tinha de pão duro. Então boatos foram se espalhando por todo o castelo. Não demorou a começar uma confusão, mas durou pouco, pois um ocorrido calou até mosquitos. Um burguês havia tido um ataque do coração e ficou caído no meio do salão de dança. Mas não foi só ele, depois foram sucessivos infartos. Foram todos caindo no chão, todos mesmo, incluindo os gatos que passeavam debaixo das mesas. Os que foram embora cedo, poucos , se salvaram do massacre, restando apenas o conselheiro real que ficara mudo ao ver todos despencando sob os seus pés. Esse não há de falar jamais, nem irá me trair pensa o rei jogando-o rumo a um castiçal. O tal rei volta para seu trono e adimira o belo espetáculo à sua frente. Sorri. Alí ele permanece feito uma estátua satisfeita observando o fogo consumindo a festa.



JPMS


domingo, 5 de dezembro de 2010

Singelos



Dançam as crianças às margens do rio
Gargalham sem dó, pobres coitadas
Puras, ainda insistem em ser puras
Rodam, rodam, com as cabeças viradas para o sol
Alegres nem sabem,
que em um dia desses qualquer,
Irão sabotar umas com as outras
em direção além das margens do mesmo rio.

Fecham os olhos e abrem as mentes
Vagam heróis, monstros, sinos e doces
Queria eu que não as fossem levados
Os seus complexos gestos inocentes
Assim prosseguem sem descanço
Dançam as crianças pela última vez
Um último suspiro antes das corrupções de todos vocês.


                                                                                                                    JPMS

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O velho e o chapéu

 Existem dias em que tudo está estranho, existem dias que tudo está normal demais e existem dias em que não acontece nada,passam despercebidos. Foi em um dia em que aparentemente não aconteceria nada de anormal que eu abri meus olhos, e vi o que geralmente eu não veria a minha volta, neste dia que tive o contato com aquele velho chapéu.
Chega a ser ridículo que um velho chapéu possa abrir mentes.Foi apenas depois de um tempo que comecei a perceber certas coisas, depois daquele acidente.

"-Naquela manhã eu já sabia o que ocorreria, assim como todos os dias, eu ira acordar, tomar café  ,me arrumar para ir para a firma, voltar para almoçar, depois ir para a firma de novo e ir dormir. Porém ao decorrer do dia fui ficando com um pressentimento, não sabia se era bom ou ruim, mas eu senti que estava enganado não era nenhum dos dois, até hoje é indescritível. Algo iria acontecer.
Tudo começou quando eu sai de casa e senti como se alguém estivesse me perseguindo, depois de alguns minutos pensei que era tolice minha prossegui andando. Apenas continuei caminhando e pensando na minha vida monótona, e nesses pensamentos  acabo me atrasando e perco o ônibus.Que maravilha. Para esperar o próximo ônibus sento-me em um banco e reparo que estou só.Depois de algum tempo vejo um velho ,aparentemente cego ,no fim da rua, caminhando em direção ao banco.Após alguns minutos ele chega até o banco e com um sorriso diz:
-Bom dia meu jovem rapaz!
Eu reparo nos seus poucos dentes, e apenas por educação, faço uma cara de simpático e digo:
-Bom dia para o senhor também!
-Tem visto os novos cavalos?Estes novos, tem asas belíssimas!
-Que cavalos meu senhor? Penso que o velho já está caduco.
-Os cavalos alados que nos levam pra muitos lugares ,todas as santas manhãs-Ele começa a fazer gestos- Com asas longas e que pousam bem ali. 
Ele aponta com o dedo gordo em direção ao chão.Olho para onde ele aponta, e vejo depressões, mas é claro que aquilo não podia ser verdade, o velho deveria estar meio bêbado. Ele continua:
-Se não viu os cavalos, você deve ter visto os gnomos vendedores de melancia, por acaso o senhor os viu?Devo uma nota para eles!
-Não vi não!O senhor está com algum problema?Bebeu ou algo assim?
Então eu escuto o som do ônibus chegar.
-Pronto os cavalos chegaram, já vou embora  -O velho levanta-se- Adeus!Até mais tarde meu rapaz!
Quando o ônibus vai chegando, o velho pisa no chão de paralelepípedo,  só se escuta o som do ônibus batendo com o frágil corpo daquele pobre senhor. Desespero-me e vou socorrer o velho,  ele já estava morrendo ,deveria ainda haver um jeito. Pensei:
-Velho maluco, como ele se joga na frente do ônibus?

 Ligo para a ambulância, mas meus olhos se enchem de lágrimas por ser inútil naquela situação.Começo a revista-lo para identificar quem ele era , mas eu não achei nada, então vejo o chapéu dele afastado do corpo. Levanto-me e vou atrás do chapéu, e quando puxo o chapéu em direção aos meus olhos vejo um par de pequenas luvas,e  um bolo de dinheiro dentro do chapéu do velho. Olho a minha volta e vejo tudo mover-se mais rápido, fecho os olhos e involuntariamente coloco o chapéu. E quando abro... Não consigo mais lembrar. Lembro-me apenas de estar no banco, no mesmo lugar em que o velho estava,  vendo penas caindo dos céus."

 [...]

Ao depor ,contei tudo o que vi,creio no que meus olhos podem ver, mas
Viam-me como um louco, paranóico. Tudo bem que eu surtei ao ver
Que ninguem enxergava o senhor estirado no chão... Mas eu acredito que estava incrivelmente lúcido naquela manhã. Sei que todos aqueles fatos não passaram de um significativo sonho, foi real. Definitivamente eu não estava sonhando.



                                    JPMS

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um início

Não há nada de especial em meu nome, João Pedro, mas isso pouco importa.Tenho 17 anos, nasci no sertão mas atualmente vivo na cidade grande. Gosto de música, arquitetura, cinema, literatura, artes marciais, gastronomia, um pouco de política, tecnologia, cultura e arte em geral. 

Não é só isso, mas basicamente é.


Não tenho religião, mas isso não quer dizer que eu não tenha fé e nem acredito em coisas que vão além da compreensão humana. Busco um caminho que cruza todas as religiões, é esse cruzamento que é a minha verdadeira religião. Eu diria que sou o mais sério dos palhaços e apenas um palhaço entre os sérios.

Esse não é meu primeiro blog, estou mais disposto à transpor o que eu escrevo/rabisco no papel para algum lugar na internet.


Agradeço desde já,

João