sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A tal festa do rei iludido


m volta do rei, no castelo sob a colina, os mais animais e certas bestas cantavam, dançavam e se divertiam em uma festa. Foi servido um grande banquete onde todos lamberam os dedos, além da grande quantidade de vinho servida. A noite estava até agradavel, havia muita fartura em tudo, desde música até mulheres para as mais impensáveis orgias. Ninguém sabia que o tal rei os vê com olhos de pequena repulsa e de grande desprezo. Incluindo a sua rainha adúltera, o bispo herege e o conselheiro traíra. Sem exceções. Entre piscadas, o nojo se firmava, ao olhar do rei, diante de todas aquelas sombras no castelo. Quem destes sabe das hipocrisias do seu pomposo líder? Nem o reflexo do próprio sabia.
As gargalhadas ecooam pelo reino inteiro juntamente com profundos suspiros e conversas animadas. Aos elogios dos súditos, o rei crescia, enchendo o peito de confiança e uma falsa imunidade. Bastava ele perceber que estavam mais uma vez conspirando contra ele que rapidamente muchava. Os habitantes gozam da cara do seu rei pelas costas e ele parece nem saber. Apenas parece.
 A festa começou logo depois que o sol se pôs e todos foram convidados, desde o mais imundo camponês até a mais perfumada duquesa. O rei os recepcionara com humor e muito calor, demonstrando estar realmente alegre com a presença de todos. A sua reputação não era lá dessas coisas, até por que ninguém o levava muito a sério, mas isso não impediu que todos comparecessem a tal festa do rei iludido.
Foi uma noite muito longa, até que o conselheiro do rei se questionou  sobre o real motivo da comemoração, afinal o que Vossa majestade tinha de desprezivel ele tinha de pão duro. Então boatos foram se espalhando por todo o castelo. Não demorou a começar uma confusão, mas durou pouco, pois um ocorrido calou até mosquitos. Um burguês havia tido um ataque do coração e ficou caído no meio do salão de dança. Mas não foi só ele, depois foram sucessivos infartos. Foram todos caindo no chão, todos mesmo, incluindo os gatos que passeavam debaixo das mesas. Os que foram embora cedo, poucos , se salvaram do massacre, restando apenas o conselheiro real que ficara mudo ao ver todos despencando sob os seus pés. Esse não há de falar jamais, nem irá me trair pensa o rei jogando-o rumo a um castiçal. O tal rei volta para seu trono e adimira o belo espetáculo à sua frente. Sorri. Alí ele permanece feito uma estátua satisfeita observando o fogo consumindo a festa.



JPMS