quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O velho e o chapéu

 Existem dias em que tudo está estranho, existem dias que tudo está normal demais e existem dias em que não acontece nada,passam despercebidos. Foi em um dia em que aparentemente não aconteceria nada de anormal que eu abri meus olhos, e vi o que geralmente eu não veria a minha volta, neste dia que tive o contato com aquele velho chapéu.
Chega a ser ridículo que um velho chapéu possa abrir mentes.Foi apenas depois de um tempo que comecei a perceber certas coisas, depois daquele acidente.

"-Naquela manhã eu já sabia o que ocorreria, assim como todos os dias, eu ira acordar, tomar café  ,me arrumar para ir para a firma, voltar para almoçar, depois ir para a firma de novo e ir dormir. Porém ao decorrer do dia fui ficando com um pressentimento, não sabia se era bom ou ruim, mas eu senti que estava enganado não era nenhum dos dois, até hoje é indescritível. Algo iria acontecer.
Tudo começou quando eu sai de casa e senti como se alguém estivesse me perseguindo, depois de alguns minutos pensei que era tolice minha prossegui andando. Apenas continuei caminhando e pensando na minha vida monótona, e nesses pensamentos  acabo me atrasando e perco o ônibus.Que maravilha. Para esperar o próximo ônibus sento-me em um banco e reparo que estou só.Depois de algum tempo vejo um velho ,aparentemente cego ,no fim da rua, caminhando em direção ao banco.Após alguns minutos ele chega até o banco e com um sorriso diz:
-Bom dia meu jovem rapaz!
Eu reparo nos seus poucos dentes, e apenas por educação, faço uma cara de simpático e digo:
-Bom dia para o senhor também!
-Tem visto os novos cavalos?Estes novos, tem asas belíssimas!
-Que cavalos meu senhor? Penso que o velho já está caduco.
-Os cavalos alados que nos levam pra muitos lugares ,todas as santas manhãs-Ele começa a fazer gestos- Com asas longas e que pousam bem ali. 
Ele aponta com o dedo gordo em direção ao chão.Olho para onde ele aponta, e vejo depressões, mas é claro que aquilo não podia ser verdade, o velho deveria estar meio bêbado. Ele continua:
-Se não viu os cavalos, você deve ter visto os gnomos vendedores de melancia, por acaso o senhor os viu?Devo uma nota para eles!
-Não vi não!O senhor está com algum problema?Bebeu ou algo assim?
Então eu escuto o som do ônibus chegar.
-Pronto os cavalos chegaram, já vou embora  -O velho levanta-se- Adeus!Até mais tarde meu rapaz!
Quando o ônibus vai chegando, o velho pisa no chão de paralelepípedo,  só se escuta o som do ônibus batendo com o frágil corpo daquele pobre senhor. Desespero-me e vou socorrer o velho,  ele já estava morrendo ,deveria ainda haver um jeito. Pensei:
-Velho maluco, como ele se joga na frente do ônibus?

 Ligo para a ambulância, mas meus olhos se enchem de lágrimas por ser inútil naquela situação.Começo a revista-lo para identificar quem ele era , mas eu não achei nada, então vejo o chapéu dele afastado do corpo. Levanto-me e vou atrás do chapéu, e quando puxo o chapéu em direção aos meus olhos vejo um par de pequenas luvas,e  um bolo de dinheiro dentro do chapéu do velho. Olho a minha volta e vejo tudo mover-se mais rápido, fecho os olhos e involuntariamente coloco o chapéu. E quando abro... Não consigo mais lembrar. Lembro-me apenas de estar no banco, no mesmo lugar em que o velho estava,  vendo penas caindo dos céus."

 [...]

Ao depor ,contei tudo o que vi,creio no que meus olhos podem ver, mas
Viam-me como um louco, paranóico. Tudo bem que eu surtei ao ver
Que ninguem enxergava o senhor estirado no chão... Mas eu acredito que estava incrivelmente lúcido naquela manhã. Sei que todos aqueles fatos não passaram de um significativo sonho, foi real. Definitivamente eu não estava sonhando.



                                    JPMS